Antes de Darwin, Willian Paley, um teólogo do século XVIII propôs a famosa analogia do relógio suíço encontrado na areia de uma praia ou deserto. Segundo sua analogia, qualquer um que encontrasse este objeto perdido, ao tomá-lo em sua mão de imediato pensaria num relojoeiro suíço que o fabricou; mesmo se o relógio tivesse boca e falasse que não existisse relojoeiro algum, que ele simplesmente se fez, nenhum ser inteligente seria capaz de acreditar no relógio, sua complexidade era por demais precisa para simplesmente ter surgido por acaso.
A extrapolação deste argumento de Paley para a complexidade dos seres vivos e do próprio homem era evidente, tudo apontava para um Criador, negá-lo seria quase um absurdo. Neste ponto da história entra Darwin com seu livro...
T.H. Huxley, destacado seguidor do Darwinismo, descreveu mais tarde o impacto dramático do Livro de Darwin:
“A Origem (das Espécies)... prestou um enorme serviço ao nos libertar para sempre do Dilema: Recusa-se a aceitar a hipótese da Criação? E o que você tem a propor que possa ser aceito por qualquer pessoa de raciocínio prudente? Em 1857 eu não dispunha de nenhuma resposta, e não creio que alguém mais o tivesse. Um ano depois nos reaproximamos com embotamento por nossa perplexidade com este tipo de inquérito. Minha conclusão ao descobrir-me dominando a idéia central de A Origem das Espécies, foi “Como fui um imbecil de não haver pensado nisso!”“
[Citado em W.C. Dampier, A History of Science, pós-escrito I. Bernard Cohen (Cambridge: Cambridge University Press, 1989), p.279.]
Ou seja, agora os ateístas tinham uma teoria racional que poderia deixar Deus de lado, o relógio de Paley não se encontrava sozinho na areia, atrás dele havia vários outros relógios que se auto-multiplicavam, desde relógios mais simples que foram se adaptando ao ambiente, aos mais capazes, geralmente mais complexos que os anteriores os quais foram substituindo os menos complexos, até que chegássemos no relógio suíço perdido na praia. A idéia de um relojoeiro-Deus podia ser descartada e substituída por auto-multiplicação, acaso, tempo bem longo e evolução seletiva dos mais adaptados ao ambiente.
Para muitos evolucionistas teístas, entretanto, a teoria da evolução poderia ser simplesmente o método de Deus utilizado para trazer os seres vivos sobre a Terra, acreditavam que ainda assim alguém deveria estar no controle, simplesmente o acaso e a seleção natural, apesar de explicarem muita coisa, muita coisa ainda apontava para um Deus. Por exemplo, no início da formação da Terra, a passagem de elementos brutos do Reino Mineral para componentes orgânicos dos Reinos Vegetais e Animais deveriam estar sob condições específicas de controle. Outro aspecto seria a inteligência e comunicação entre vários animais que pareciam não seguir um padrão evolutivo, formigas, abelhas e cupins, por exemplo, são capazes de se organizarem em sociedades, se comunicarem entre elas, de uma maneira muito mais efetiva que vários organismos superiores e mais complexos, como por exemplo vacas, cavalos, cachorros, etc.
O argumento dos teístas evolucionistas ganhou ainda mais força com a publicação do Livro “A Caixa Preta de Darwin”, por Michael Behe. Behe, um ex-ateu convicto, bioquímico molecular sempre acreditou que a evolução, o acaso e o longo tempo pudesse explicar tudo que aconteceu e acontecia no reino animal e vegetal. Sua primeira surpresa foi descobrir que não havia nada na teoria da evolução desenvolvida desde 1858 que indicasse por exemplo como as complexas reações bioquímicas que ocorrem no interior dos seres vivos se desenvolveram, não havia evolução destas reações bioquímicas, elas simplesmente tinham de ser daquele jeito. Behe então volta ao antigo conceito de Paley e propõe o que chama da “complexidade irredutível”. Para entender este termo, Behe usa a analogia da ratoeira, um sistema complexo formado por uma mola, um sensor, um gatilho que disparasse uma prensa de ferro. Behe argúe que a ratoeira seria um objeto de “complexidade irredutível”, qualquer outra configuração da mola, grampos de ferro e sensor, se não fossem desenhadas de uma forma inteligente para nada serviriam. Desta analogia simples ele segue com inúmeros exemplos que existiriam na natureza de “complexidade irredutível”, desde os sistemas digestivos das células até os “motores biológicos” que movem o flagelo da Euglena (um protozoário ciliado). Behe, então explica que na época de Darwin, acreditava-se ser a célula algo muito simples que se desenvolveu das partículas brutas, na verdade para Darwin a célula ainda era uma “caixa preta” desconhecida completamente sua complexidade interior.
Muitos líderes da Igreja achava que a Teoria da Evolução afastasse os homens de Deus, mas vemos não ser este necessariamente o caso, há muitos teístas que conciliam perfeitamente a seleção natural das espécies com um Designer Inteligente.
Outros líderes seguindo o conceito Criacionista alegariam que não poderia haver morte antes da Queda de Adão, uma exigência para que a Teoria da Evolução pudesse ser aceita, para isto citariam a escritura de Paulo:
Romanos 5:12
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.”
Muitos membros da Igreja entendem esta morte como sendo restrita ao Homem, para o qual o plano de Salvação foi delineado. A escritura do Livro de Mórmon compara esta morte física com a sepultura humana, a qual seria revertida na ressurreição de Cristo.
II Néfi 9:11-12
“E por causa do caminho de redenção de nosso Deus, o Santo de Israel, essa morte da qual falei, que é a física, libertará seus mortos; essa morte é a sepultura. E essa morte da qual falei, que é a morte espiritual, libertará seus mortos; e essa morte espiritual é o inferno; portanto, morte e inferno deverão libertar seus mortos; e o inferno deverá libertar seus espíritos cativos e a sepultura deverá libertar seus corpos cativos; e o corpo e o espírito dos homens serão restituídos um ao outro; e é pelo poder da ressurreição do Santo de Israel.”
Alguns entendem que apesar de alguma maneira os espíritos dos animais façam parte do plano de Deus, cada um cumpre a “medida de sua criação”, e as escrituras são mais específicas ao Homem, seu livre arbítrio em aceitar ou rejeitar o sacrifício expiatório de Cristo. Mesmo somente após a Queda o homem foi capaz de procriar e ter filhos enquanto isso toda a Terra, plantas e animais obedeciam o mandamento de “Crescei-vos e multiplicai-vos”, imaginar uma terra sem a morte de animais e plantas antes da Queda seria quase o mesmo que imaginar uma Terra somente com um casal de cada espécie (planta e animal) antes da Queda do Homem.
Alguns eruditos mórmons como Steven E. Jones acreditam que antes da Queda plantas e animais fossem vivificados pelo Espírito de Deus, suas mortes apesar de biologicamente serem mortes espiritualmente não o eram, somente após a Queda estes espíritos não humanos começariam a ganhar identidade. Outros acreditam que a não morte estivesse restrita ao Éden, enquanto isso toda uma Terra estava sendo preparada para acolher o homem.
Outra grande dúvida também viria para explicar os fósseis de pré-homídeos. Explicações desde pré-adamitas extintos após a Queda (B.H. Roberts), ou então de um ínterim de tempo relativamente bem longo entre a transgressão de Adão e sua efetiva expulsão do Éden (Hugh Nibley) surgiram entre líderes e intelectuais mórmons, todavia o grande consenso da maioria é que isto são apenas idéias e especulações humanas tentando conciliar as verdades conforme reveladas pelas escrituras com as descobertas da Ciência, podem ser corretas ou falsas, um dia saberemos. (D&C 121:31-32).
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